Segundo dados de 2022, três em cada quatro brasileiros são fãs de jogos eletrônicos. Os dados foram publicados pela Pesquisa Game Brasil e apontam ainda que para 76,5% destes jogadores, os jogos eletrônicos são sua principal fonte de entretenimento. Ambas as estatísticas apontam para um aumento em relação ao ano anterior.
As projeções para o mercado de videogames no Brasil são ainda mais impressionantes. Um relatório da PwC, também de 2022, afirma que este mercado dobrará de tamanho até 2026, com uma receita de aproximadamente USD 3 bilhões. Qual é o segredo?
Fantasia Real
No ano passado, o Brasil foi classificado como o 10º maior mercado de games do mundo pela Newzoo. Não é à toa que esta indústria vem mirando o mercado brasileiro. O país é seu maior mercado na América Latina, além de ser o segundo maior mercado de todo o hemisfério sul.
Mesmo assim, ainda há bastante espaço para crescimento. A maioria dos jogadores brasileiros ainda prefere o celular (48,3%) e a preferência por videogames supera a preferência por computadores por uma pequena margem: 20% contra 15,5%. No computador, muitos utilizam um VPN Brasileiro para poder acessar salas de jogos e conteúdo do mundo todo. Confira outras estatísticas interessantes sobre o setor.
- Mulheres representam 51% do público gamer;
- A maioria dos jogadores tem entre 25 e 34 anos;
- 67% dos jogadores entrevistados se classificam como “casuais”, enquanto 33% dos jogadores consideram-se gamers e jogam com frequência.
Jogo de Interesses
O mercado de games é simplesmente grande demais para ser ignorado. Em 2023, este mercado já era maior do que o de cinema e de streaming, tanto de vídeo quanto de música. Desde 2021, grandes nomes da indústria nacional, como Magazine Luiza, resolveram investir também no mercado de games. Entre parcerias com estúdio de criação e a aquisição do site Kabum, a empresa investiu aproximadamente R$ 4 bilhões.
Um relatório recentemente publicado pela External Development Summit (XDS) aponta o Brasil como um dos maiores nomes também quando se trata de desenvolvimento de jogos. Startups do setor chegaram a atrair mais de USD 20 bilhões em investimentos. Tantos investimentos só podem ser uma excelente notícia para a comunidade gamer em geral, que poderá contar com mais conteúdo e mais inovação.
Crescimento dos Jogos Online
O mercado de games ganhou enorme impulso no Brasil, entre 2018 e 2022, período no qual cresceu 169%. Neste contexto, o Rio Grande de Sul desponta como o segundo maior polo de desenvolvedores games no país, atrás apenas de São Paulo. Segundo o SEBRAE, as principais tendências deste setor são IA generativa, jogos sob demanda, eSports e competições profissionais, realidade virtual, realidade aumentada, remakes e jogos retrô.
Para as empresas que desejam atuar no setor, existem alguns modelos de negócios possíveis. É possível vender um jogo mediante pagamento único; um modelo tradicional de jogos físicos para consoles. É possível ainda oferecer jogos gratuitos com anúncios inclusos ou compras internas. Outro método bastante popular é o “paymium”, onde a subscrição é paga e há também a possibilidade de comprar itens dentro do jogo. Ainda de acordo com o SEBRAE, 74,5% da população joga videogame regularmente.
Realidade Virtual e Realidade Aumentada
Headsets de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) não são novidade no mundo dos jogos. Os primeiros dispositivos VR foram desenvolvidos nos anos 60 e ganharam algum espaço no mercado de videogames nos anos 90. Inicialmente caros e pouco acessíveis, estes dispositivos estão ficando cada vez mais baratos, devido à enorme concorrência de big techs como Microsoft, Meta, Google e Apple. No ano passado, este mercado foi movimentado por lançamentos como Playstation VR2, Pico, Apple e Meta.
Em 2023, mais de 10 milhões de headsets AR e VR chegaram no país. Entretanto, uma pesquisa da International Data Corporation (IDC), estima que a venda destes dispositivos deve atingir seu ponto mais alto no mercado brasileiro em 2027. Embora jogos em AR sejam mais comuns para smartphones, tanto o Playstation quanto o Xbox possuem seus próprios headsets VR.
Diversão Por Toda Parte
A indústria dos games, sem dúvida, é bem maior do que a dos videogames tradicionais. Jogos online, tanto para smartphones quanto para computadores, ainda ocupam a maior fatia do mercado. Mesmo assim, consoles modernos como os últimos modelos Xbox ou Playstation, também permitem a seus jogadores jogarem em rede e explorarem diferentes conteúdos na web.
Alguns dos jogos mais populares do universo gamer, como Fortnite e PUBG, possuem versões para Playstation e Xbox, aproximando fãs de consoles e jogos de PC. Sem dúvida, o mercado de videogames também pega uma carona na crescente popularidade destes jogos, que costumam estar disponíveis em diversas plataformas ao mesmo tempo.
Os consoles portáteis também são uma forma dessa indústria se aproximar do consumidor que prefere jogar por smartphone. Smartphones oferecem várias vantagens para quem gosta de jogar: são portáteis e precisam apenas de internet para que a jogatina esteja garantida em qualquer lugar.
Não raro, os custos de um console portátil são também mais acessíveis do que os de um console de ponta. Entretanto, consoles portáteis chegam a apenas 2,6% da população. Um estudo publicado pela PGB (9ª edição), revela os hábitos da comunidade gamer no Brasil. Confira:
- 95,4% dos jogadores preferem jogar em casa;
- 27,1% dos jogadores jogam na casa de outra pessoa;
- 14,4% dos jogadores jogam enquanto estão em trânsito, ou se deslocando;
- 13,6% dos jogadores jogam no trabalho.
Passando de Fase
O desenvolvimento tecnológico e a ampliação do alcance das novas tecnologias digitais são fundamentais para pavimentar o avanço da indústria de games em geral. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP), a expansão da rede 5G terá um papel crucial para o setor.
A internet 5G combina altíssima velocidade com baixíssimo tempo de latência, provendo comunicação simultânea e permitindo a troca de grandes volumes de dados. Essa mudança promove não apenas jogos mais interativos, como também suporta gráficos mais pesados.
Atualmente, o Brasil possui a cobertura 5G mais veloz da América Latina, mas ainda há muito espaço para crescimento. Entretanto, pouco mais de 8% da população tem acesso à nova rede. A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) garante estar comprometida com a expansão da rede e afirmou que o Brasil investirá R$ 169 bilhões em ampliação nas próximas duas décadas.