Por Bruno Prado*
Ainda que a cobertura da Internet 4G seja recente na maior parte do mundo, o mercado de Tecnologia da Informação e Telecomunicações segue pensando no futuro. O debate sobre a chegada da quinta geração da Internet móvel, o 5G, já está presente em países protagonistas da economia mundial, como Japão e Estados Unidos. Durante testes, a operadora japonesa DoCoMo conseguiu atingir 2 Gigabit por segundo (Gbps), o equivalente ao dobro das melhores conexões 4G (LTE), mas a expectativa é que possa alcançar até 20 Gbps. Além de mais rápida, a rede deve contar com menor latência, ou seja, baixo tempo de resposta.
Quando falamos de 5G no Brasil, nos referimos a uma tecnologia completamente nova, em uma nação que tem se esforçado para acompanhar e implementar as inovações em termos de cobertura de forma ágil, por falta de investimento do Governo e das empresas de Telecom. Embora as operadoras brasileiras possuam a concessão do 4G, é possível notar que essa tecnologia não foi estabelecida por completo no país – a maioria das cidades conta apenas com conexões GRPS e 3G. Os grandes centros, como as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, são algumas das poucas localidades que desfrutam de Internet móvel de boa qualidade.
A expectativa é que a novidade impacte nossa economia de forma positiva. Estima-se que o 5G deva começar a ser implementado no Brasil entre 2020 e 2022, e que essa tecnologia pode gerar até 22 milhões de empregos nos mais diversos segmentos em todo o mundo até 2035, segundo estudo encomendado pela Qualcomm.
Propagação da IoT ameaça a segurança digital
O que se percebe é que as empresas responsáveis pela Internet brasileira ainda pecam em relação à segurança. Normalmente, os roteadores fornecidos para os consumidores são vulneráveis a ataques de negação de distribuição de serviço (conhecido pela sigla em inglês DDoS). Nesse tipo de ameaça, os dispositivos são infectados e utilizados para acessar determinado site ou serviço simultaneamente com outros aparelhos igualmente “zumbis”, derrubando o sistema.
As particularidades técnicas não chegam a expor o novo modelo de conectividade a novas brechas de segurança, mas, ainda assim, existem situações a se preocupar. O 5G é apontado pelo mercado como o agente responsável pela popularização da Internet das Coisas (IoT, em inglês), a era em que a conectividade deve multiplicar para trilhões o número de dispositivos conectados à rede. Esse crescimento deve impulsionar também quantidade, frequência e tamanho de cada ataque.
Isso significa que as empresas estarão mais sujeitas a enormes prejuízos financeiros devido a indisponibilidade de serviços. No mercado financeiro, além de perder dinheiro, uma instituição pode sofrer danos à sua reputação e confiabilidade. Já no setor da saúde, hospitais vulneráveis podem colocar em risco até a vida dos pacientes.
Visto que a consolidação do modelo 5G deve demorar alguns anos, ainda há tempo para que as empresas invistam em soluções de segurança digital se preparem para lidar com a expansão da Internet das Coisas. Além de uma atenção maior por parte dos fabricantes de smartphones, tablets, roteadores, televisores, entre outros, o momento é de educar corporações e usuários comuns. Para isso, algumas práticas são, inclusive, simples de serem realizadas, como, por exemplo, alterar a senha padrão do roteador doméstico constantemente. Sistemas operacionais, softwares e aplicativos devem estar sempre atualizados, como prevenção a eventuais problemas. Já o mercado corporativo, de lojas virtuais e grandes multinacionais, precisa blindar a infraestrutura de seus serviços digitais em diferentes camadas.
Agir preventivamente é essencial, mas companhias, governos e cidadãos também precisam ter em mente que a preocupação com segurança digital deve ser um esforço contínuo, promovendo a reflexão sobre os nossos hábitos na Internet e o bom uso dos nossos dispositivos.
*Bruno Prado é CEO da UPX Technologies, empresa especializada em infraestrutura e segurança de Internet.