2 de agosto foi aniversário do lançamento oficial de um filme bastante curioso. “Mulher Nota 1000” conta a história de dois rapazes que criam a mulher ideal com ajuda de um computador. De verdade. Ela sai do computador, anda, fala e apronta várias confusões com os dois “programadores“, se é que podemos chamá-los assim.
O filme é estrelado por Kelly LeBrock, que ficou mais famosa pelo seu filme de estreia, “A Dama de Vermelho“, um grande sucesso no Brasil e no mundo. Ela era então considerada uma das mulheres mais bonitas do mundo.
Apesar de ser uma comédia, o que “Mulher Nota 1000” tem de mais engraçado hoje é a visão extremamente fantasiosa dos computadores. Essa ingenuidade era normal na época, mas “Mulher Nota 1000” certamente merece destaque nesse sentido.
Eram outros tempos. A Internet até existia, mas quase ninguém tinha conexão em casa. Quem tinha podia até provocar uma Terceira Guerra Mundial. Não existia Tinder, mas já se pensava em namoros eletrônicos. O mundo agora é outro. Praticamente todo mundo tem um computador com Internet em casa e até no bolso (ou na bolsa), e faz de tudo com ele: compras, investimentos, movimentações bancárias, namoro, política, jogos, apostas e, é claro, buscar a mulher ideal.
Nada é certo nos relacionamentos, assim como nas apostas online. Mas quem se arrisca usa as armas e o conhecimento que tem para obter o melhor resultado possível dentro das probabilidades. Apesar de avanços consideráveis como impressão em 3D, ainda não é possível criar uma mulher ideal física, que anda e fala, mas o conceito de mulher ideal é até mais popular hoje do que nos anos 80.
Existe nisso uma certa ironia. Muitas vezes se pergunta o que as mulheres querem. Entretanto, o ideal de herói masculino do cinema e dos jogos parece ser praticamente sempre o mesmo. O mesmo não se pode dizer das heroínas. Existem as guerreiras, como Lara Croft, Ciri e Ivy Valentine.
Existem as princesas, como Peach e Zelda. Nesses dois extremos já se notam grandes variações no aspecto de bondade ou maldade das mulheres ideais. O conceito visual e comportamental das personagens femininas também evoluiu bastante nas últimas décadas, principalmente nos games.
Algumas são femininas, outras nem tanto. No universo anime, as waifus tendem a ser muito femininas, variando entre todos os graus possíveis de inocência e malícia. As waifus exploram diversos estereótipos. “Waifu” significa “esposa”, e muitas exercem mesmo esse papel. Muitas outras são retratadas em uniformes de escola ou de trabalho, com poses e atitudes bastante “empoderadas“.
Muitas dessas mulheres ideais parecem ser burras, mas nerds também expressam seu ideal feminino como uma garota de calcinha em um quarto repleto de computadores, quase todos com terminais de Linux. Nos filmes, muitas mulheres ideais usam óculos, com aquele ar de inteligente.
A ironia é bem clara. Tirando Clark Kent, qual homem ideal usa óculos? Se o que as mulheres querem parece ser sempre o mesmo e o que os homens querem parece ser tão diverso, por que a pergunta só é feita de um lado? Talvez o ChatGPT de “Mulher Nota 1000” possa responder essa pergunta, mas talvez devêssemos nos perguntar por que isso nunca é perguntado ou respondido por humanos.